Apaixonei-me por Lisbeth Salander e não sei o que fazer.
Recordo a primeira vez que te vi, jovem, franzina, rebelde, fria, distante, simplesmente dura.
Tudo visual gritando “afastem-se de mim!”, mas já nessa altura descobri algo que brilhava no teu olhar, e, clamava por calor humano, e logo aí, nasceu em mim uma vontade incontornavel de te conhecer, de saber mais sobre ti.
Foi preciso estômago para aguentar o primeiro impacto e a vontade de virar costas e dar o fora, mas, aos poucos fui-te conhecendo.
Fiquei a saber da tua vida sofrida, de como foste privada de uma infância normal, como nunca tiveste um amparo, um colo, um ombro amigo, como apesar de uma vida cheia de revezes foste sempre capaz de dar a volta por cima.
Foram semanas de convívio quase diário, semanas em que pouco a pouco fui desvendando os teus segredos mais íntimos, que pouco a pouco fui descobrindo a tua fúria de viver, a teu desapego pelas convenções e pelas amarras com que a sociedade nos prende.
Nunca conheci ninguém com uma liberdade tão completa, recusa todos e quaisquer rótulos e age de acordo com a sua própria moral e convicção. És a pessoa mais real que alguma vez encontrei.
Agora que fecho a última página do livro que te trouxe a mim fico sem saber o que fazer, perdido na mágoa de perder os nossos encontros quase diários, de perder a descoberta de ti, e consequentemente a descoberta de mim em ti.
Quem me dera ser um pouco como tu, ter a clareza da vista desimpedida e abraçar a vida com a tua paixão.
Mal posso esperar pelo teu regresso no segundo livro da trilogia Millennium de Stieg Larsson em “A Rapariga que Sonhava com Uma Lata de Gasolina e um fósforo”
Um beijo para o vazio ...