sábado, 2 de outubro de 2010

Arte(s) e Santinhos

É um pouco difícil explicar o que me atrai quando se trata de arte, falo neste caso de pintura/desenho. Reconheço que como grande parte dos outros sentidos, paladar, olfacto, audição, a sensação de familiaridade é um aspecto importante da sensação de prazer. Neste caso o reconhecimento de certo tipo de formas, cores, composição pode fazer-nos sentirmos mais agrado a certo tipo de obras.

Por outro lado há certas obras que fogem completamente do padrão normal e é essa estranheza, esse encontro inesperado com um novo paradigma que nos fascina e nos atrai.

A discussão, ou a dicotomia de reconhecer a obra como conceito ou como execução é interessante, mas pouco acrescenta à razão porque gostamos de determinada obra, ou de determinado pintor e não gostamos de outro.

Pessoalmente sinto-me um pouco condicionado pela exposição que fui tendo pelos meus pais, e tendo a ser agradado por determinado tipo de obras com as quais cresci, em geral aguarelas, muito coloridas, com muitos elementos, do tipo de obra que cada vez que olhamos descobrimos algo diferente, e, que no conjunto parecem contar uma história, que vamos desvendando e construindo nós próprios.

Vou fazendo os possíveis por cultivar um gosto próprio, expondo-me o máximo possível a obras de todos géneros. Vou procurando estudar sobre história da arte assim vou-me reinventando neste aspecto do meu ser.

Tudo isto porque há pouco tempo conheci o Santinho, um jovem pintor a quem encomendei uma representação da minha família, que podem ver na imagem deste post. Foi uma amiga que me falou dele e gostei imediatamente do seu estilo e da sua obra. Gostei mais ainda da sua simplicidade e simpatia.

Esta simplicidade do artista fez-me recordar uma outra história, de uma obra de um artista moçambicano famoso, que adquiri num leilão de caridade, e, que fui forçado a devolver porque o artista ficou indignado por alguém ter adquirido a obra dele por um valor, que ele acho escandalosamente baixo. Espero que a fama não tranforme a simplicidade do santinho em arrogância...a ver vamos.

O meu apreço pela obra em si parece uma evolução em termos de gosto, como vêem é uma obra a tinta-da-china, mas é rica em elementos e parece contar uma história.

Tenho certeza que dentro em breve será um nome na praça, para quem quiser aproveitar o relativo anonimato, procure por ele no núcleo de arte.

Um beijo para o vazio …

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Relacionamentos ...

Não pretendo aqui dar nenhuma dar conselhos a ninguém sobre relacionamentos, este é um assunto que é muito fácil de teorizar, todos sabem exactamente o que fazer, mas, no fim cada relação estabelecesse com regras próprias que não se definem no inicio, são descobertas ao longo do tempo.

Para mim, a relação deve ser necessariamente um caminho em busca de estabilidade, a relação tem que ser vista como a base, ou, uma das bases, que nos permitem individualmente crescer na nossa esfera pessoal e profissional, se tal não acontece entramos numa relação que acaba por ser um entrave ao nosso desenvolvimento e realização pessoais, e, essa é uma relação destinada a, mais tarde ou mais cedo, fracassar.

Olhando em volta, para os amigos com relacionamentos estáveis e duradoiros encontro uma diversidade incrível, desde casais que vivem juntos há 10 anos sem que precisem de casamentos ou anéis para afirmar o seu amor e o seu compromisso, a casais que se casaram, quase, no dia seguinte a conhecerem-se, casais que decidiram viver fisicamente em casas separadas, casais que vivem relacionamentos abertos, ou mesmo que partilham parceiros sexuais ocasionais. Casais com os mesmos gostos e casais completamente opostos.

Um relacionamento é, obviamente, marcado por concessões de parte a parte, há coisas que pensamos ser importantes para nós, mas que, vamos percebendo que temos de abdicar, da mesma forma, há princípios que são essenciais à nossa identidade e dos quais não abdicamos, invariavelmente nas relações vão existir pontos de conflito, momentos em que visões antagónicas entram em conflito, e, ou surge uma nova visão partilhada do assunto, ou uma das partes cede. Neste assunto, se a relação se estabelece de forma a que uma das partes tem ascendente sobre a outra, as cedências serão sempre da parte mais fraca, mas, esse é um caminho para uma ruptura inevitável.

Ouvi na rádio há alguns meses uma visão interessante sobre o envolvimento emocional dentro de um relacionamento, um psicólogo argumentava que num relacionamento é impossível que as pessoas estejam envolvidas (“apaixonadas”) com a mesma forma, a mesma intensidade e uniformemente todo o tempo, e, se considerarmos um relacionamento longo, serão raros os momentos em que os dois indivíduos estão no relacionamento com a mesma intensidade, segundo ele, o segredo para um relacionamento duradoiro é saber gerir estas diferenças de intensidade nos sentimentos, e saber aproveitar os momentos em que a relação é vivida pelos dois com a mesma intensidade.

Um erro comum é, nos momentos que sentimos que o parceiro está mais afastado, estar a pressionar há procura de algo que, a outra parte não está disponível para dar, há que saber dar o espaço e enquadrar estes momentos como parte integrante do relacionamento.

São lugares comuns, mas não deixam de ser verdadeiros, parece-me que honestidade, diálogo, um projecto de vida, confiança, companheirismo e amor são indispensáveis na construção de um relacionamento estável e duradouro.

Não me parece ter dito aqui nada de novo, mas, por vezes precisamos de falar apenas para podermos ouvir.

Um beijo para o vazio ...