terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Micro-activismo

Mais e mais me vejo fascinado com a forma como cada um de nós pode influenciar as pessoas à sua volta.Como, basta a conduta individual e o agir como exemplo para mudar a mentalidade daqueles que nos rodeiam e com quem convivemos no dia-a-dia.

Pareceu-me adequado chamar a este fenómeno de Micro-Activismo, embora mais tarde tenha-me apercebido que o termo, Micro-Activismo já é usado em outro contexto, não focado no aspecto restritivo do meio de acção, mas antes na restrição do tema de acção.

Seja como for parece-me que a par do Activismo no conceito tradicional, feito e muito bem pela Lambda, com a formação e educação da sociedade, com a participação junto das outras organizações da sociedade civil, com as acções de sensibilização, e de promoção de direitos, há um espaço de acção que deve ser ocupado por cada um de nós vivendo abertamente a nossa sexualidade e “educando” as nossas famílias, os nossos amigos, os nossos colegas, enfim o nosso microambiente.

Desde que assumi a minha homossexualidade que senti um apoio muito grande dos meus amigos, fizeram de tudo para me mostrar que nada mudava, que me conheciam como eu sou e assumiam esta “descoberta” com a indiferença que ela requeria. Claro que nem todos tiveram a mesma capacidade de encaixe, algumas pessoas, amigos e colegas, houve algum afastamento, mas mesmo estes pouco a pouco foram se apercebendo que eu não tinha mudado, continuava a ser a mesma pessoa. Destes últimos, alguns procuraram-me algum tempo depois para me dizerem que vinham com uma ideia muito errada sobre o que era ser homossexual, e que por minha causa sentiam ter superado o seu preconceito.

Tudo isto, a meu ver, estava a ser facilitado por se tratar de pessoas que já me conheciam antes, e que já tinham formado a sua ideia e a sua relação para comigo, o verdadeiro teste viria da forma como as pessoas reagiriam ao estabelecerem um relacionamento comigo sabendo à partida que eu sou homossexual.

Devo dizer que a reacção tem sido igualmente surpreendente e gratificante, as pessoas têm mostrado que, apesar de trazerem consigo um conjunto de ideias pré-concebidas e preconceito, a convivência comigo, o dia-a-dia desfaz os mitos e a facilmente conseguemrelegar a questão da sexualidade para a indiferença que lhe é devida.

No fundo o principal motivo do preconceito é o medo, a desinformação, e o convívio com o objecto do medo é a melhor forma de o superar, acredito que quanto mais pessoas conviverem com homossexuais, mais pessoas vão superar os seus medos, a sua homofobia e mais rapidamente caminharemos para uma sociedade inclusiva. Assim, vamos sair dos armários e vamos tornar-nos todos “micro-activistas” vamos dar a nossa mão a mudar o nosso mundo.

Um beijo para o vazio...